quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Os dez mandamentos para a compra de um imóvel

Com um método simples de pontuação baseada em 10 ítens, compare os imóveis e faça a melhor escolha.


Encontrar o imóvel ideal exige dedicação. Com tantos lançamentos, as opções disponíveis no mercado, entre novos e usados, são muitas, mas encontrar aquele que se encaixa perfeitamente no orçamento e nas necessidades da família é tarefa que demanda empenho. Para começar a procurar, o primeiro passo é delimitar a região de interesse e o preço. A partir daí, 10 mandamentos te ajudarão a comparar os imóveis e fazer a melhor escolha:
1- Estado de conservação: verifique se existem, trincas no piso ou na parede; manchas de umidade indicando possibilidade de vazamentos; peças ou partes que apresentam possibilidade de se soltar (azulejos e pisos, por exemplo). Se for possível ver o telhado, verifique se faltam telhas ou se estão rachadas, se as calhas apresentam furos ou se estão enferrujadas.
2- Idade do imóvel: com a idade, o imóvel passa a apresentar problemas e necessitar de manutenção freqüente. Quanto mais novo, melhor.
3- Acessibilidade: é importante verificar a proximidade do imóvel à rede de transportes. Quanto mais vias de acesso e tipos de transporte (ônibus, trens, metrô etc.), mais fácil será o dia a dia da família para ir e voltar do trabalho, da escola e de outros locais rotineiros.
4- Vizinhança: este item depende muito do perfil do comprador. Deve-se buscar sempre, de acordo com seus objetivos, a vizinhança que mais lhe agrade. Por exemplo: o baladeiro quer estar próximo à vida noturna; o atleta quer ficar perto de parques e academias; a família com filhos em idade escolar dá prioridade a bairros que tenham boas escolas; casal sem filhos pode escolher morar próximo ao trabalho. Mas deve-se considerar também outras benfeitorias públicas, como áreas verdes e parques. Uma boa vizinhança valoriza o imóvel.
5- Posição em relação ao sol: imóveis com face norte tendem a ser mais iluminados e menos úmidos. Em outras palavras, são mais saudáveis.
6- Documentos: cuidado com a documentação, escritura e registro do imóvel (matrícula). Se tiver alguma dúvida, procure um profissional, por exemplo, um corretor de imóveis. Não dê nenhuma entrada ou parcela de pagamento sem ter certeza que toda documentação está correta.
7- Potencial de valorização: pense no futuro! A implantação de uma nova linha ou estação de metrô próxima pode valorizar muito o imóvel. A construção de um Shopping Center poderá também trazer valorização. Consulte a prefeitura ou sub-prefeitura do bairro para saber se haverá algum projeto de infraestrutura que possa significar desapropriações. Este é o lado negativo de um imóvel para o qual faltou informação na hora da compra.
8- Condições ambientais: cuidado com áreas sujeitas a enchentes, ou seja, locais baixos e próximos a rios e córregos. Verifique também a proximidade com lixões e, particularmente, o passivo ambiental do imóvel. Em outras palavras: cheque se o terreno onde o imóvel foi construído pode ter problemas vindos de ocupações anteriores.
9- Ruídos: tenha certeza de que o barulho não será um problema. Vias com tráfego excessivo, na rota de aviões e helicópteros, próximos a linhas férreas, por exemplo, podem incomodar.
10- Construtora: uma boa construtora trará menos dores de cabeça na futura manutenção do imóvel. Verifique se há reclamações pela internet junto a órgãos oficiais e se há reclamações de atrasos de obras. Pesquise no Procon.
Mas como organizar todos esses itens? A dica do Antonio Lopez, diretor da Hilco Appraisal, é criar um método de pontuação baseado nos “dez mandamentos”: para cada item, atribua uma pontuação de zero a cinco para o imóvel em estudo. “Pontue de acordo com o observado, pelo ponto de vista positivo ou negativo. Melhores características terão pontuação mais próximas de cinco e piores, mais próximas de zero. Com duas ou três opções em estudo você poderá decidir-se com mais segurança”, orienta Lopez.
O diretor faz ainda um último lembrete: “paciência e boas pesquisas aumentam a chance de realizar um bom investimento”.

Fonte: Imovelweb

Andando pelas ruas: entenda a forma urbana da sua cidade

Arquiteto e urbanista explica alguns tipos de “tecido urbano” que se repetem em diferentes países

 Por Rodrigo Izecson de Carvalho*

Por que gostamos tanto de caminhar sem rumo pelas ruas de Paris, Barcelona, Londres ou mesmo Buenos Aires, e evitamos repetir a experiência pelas ruas de São Paulo ou de outras cidades brasileiras? Há várias razões, mas eu vou arriscar um palpite menos lembrado do que a beleza dos prédios, a limpeza das calçadas, a ausência de fiação aparente, mas não menos importante do que tudo isso: a forma urbana, ou tipo urbano, como os arquitetos costumam dizer.

O conceito de tipo urbano é simples; da mesma forma como existe um número limitado de tipos físicos, e todas as pessoas se encaixam mais ou menos num dos tipos pré-estabelecidos, também podemos olhar para as cidades sob a ótica dos tipos urbanos. Assim, encontraremos alguns tipos de “tecido urbano” que se repetem, independente do país em que estejamos. Discutiremos aqui três destes tipos (vou falar de outros dois no próximo texto da minha coluna). 

Há aquele tipo urbano tecido pelos próprios habitantes locais, sem um projeto prévio ou qualquer planejamento. O resultado é uma série de construções geminadas umas às outras. Há, nesses casos, cidades onde os “cheios” predominam sobre os vazios. Os acessos são feito por ruelas estreitas e “quebradas”, e o espaço livre é escasso. Este tipo de forma urbana, marcado pela alta densidade de pessoas, está expresso nas citadelas medievais da Europa, nos vilarejos caiados de branco das ilhas gregas, ou mesmo em nossas favelas, cujos problemas de saneamento e renda ainda estão por resolver.

Outro tipo urbano, menos espontâneo, pode ser visto em Paris, Barcelona, Londres, Buenos Aires e outro sem número de cidades europeias. Trata-se daquele formado por edifícios de 4 a 6 pavimentos, sem recuos frontais ou laterais, em que o limite das calçadas é definido pelo alinhamento dos próprios edifícios. O fato de que estas cidades tenham sido tecidas antes do advento do elevador trouxe consigo a limitação do número de pavimentos, o que acabou por contribuir, sem querer, para a grande uniformidade na altura dos edifícios. É interessante notar como uma limitação técnica contribuiu para a beleza desses lugares.

Outro trunfo da cidade “europeia” diz respeito à experiência do pedestre ao caminhar pelas calçadas. O comércio não poderia estar em outro lugar que não no térreo dos edifícios. Aos apartamentos e escritórios ficaram reservados os demais andares. Como resultado, as cidades tornaram-se agradáveis aos pedestres, que caminhavam (e ainda caminham) sempre ao lado do comércio.

O uso misto (com comércio e apartamentos num mesmo edifício) se mostrou vantajoso por mais uma razão: a cidade passava a ser utilizada dia e noite, com claras vantagens à segurança de todos. E, por fim, este tecido, de densidade populacional e de usos uniformes, fez com que o fluxo de pedestres e automóveis também se mantivesse uniformemente distribuído pela malha urbana e, sem grandes fluxos pendulares, não foi necessários criar obras viárias custosas e carregadas de efeitos colaterais, como pontes e avenidas de alto tráfego.

Agora, vamos para o terceiro modelo ou terceiro tipo: o modelo da cidade formada por torres. Esta forma de cidade, que havia alcançado sua expressão mais forte na Nova Iorque e na Chicago dos nos anos 50, ganhou novo fôlego com as capitais dos tigres asiáticos nos anos 90/2000, e, mais recentemente, com as metrópoles da China e novas cidades do Oriente Médio. Não há dúvidas de que esta é a tipologia mais ligada aos valores do capitalismo, do predomínio do individual sobre o coletivo, da competição pelo mais alto. Vale a pena voltarmos um pouco no tempo, e relembrarmos como tudo começou.

Não faz sentido falarmos em torres altas sem que recorramos aos avanços da técnica, em especial, ao advento do elevador, do concreto armado e da construção em aço; todos do início do século XX. Tão logo os velhos (e pequenos) edifícios começaram a dar lugar às torres, os problemas começaram a surgir. Construídas sobre uma “matriz” projetada para a baixa densidade, a malha viária e o parcelamento dos lotes da cidade antiga nem sempre se mostraram adequados às novas formas que surgiam. As torres, além de sombrearem as ruas, por seu uso único (geralmente estritamente comercial), começaram a alterar a uniformidade dos fluxos de pessoas, gerando problemas de transporte pendular hoje crônicos na maior parte das cidades. Para os problemas de ordem sanitária (causados em grande parte pela falta de sol nas ruas), uma série de leis começou a surgir, todas na mesma direção: as leis de zoneamento e os códigos de obras das mais variadas cidades passaram a contar com índices de ocupação e recuos mínimos, de frente, lateral e fundo – sempre visando um mínimo de sol e de ventilação.

No Brasil, em especial, a preocupação com índices para cada um dos lotes, passou a dominar as legislações urbanas municipais, sem que houvesse, no entanto, uma preocupação com a forma urbana, com os edifícios vistos em seu conjunto ou com a inserção de cada novo edifício no contexto de seus vizinhos já construídos (abordagem hoje comum nos países desenvolvidos, mas ainda inexistente por aqui). A própria existência de um tecido urbano compacto como o de Paris, Barcelona ou Buenos Aires é hoje proibida por lei no Brasil, pela exigência de recuos (cada vez mais questionáveis) a cada uma das edificações. Vai entender!

Olhando em retrospecto, constatamos com tristeza que, em especial no caso brasileiro, ao trocar a cidade “europeia” pelo progresso da cidade “americana”, acabamos abrindo mão das vantagens de um modelo sem atingir os benefícios do outro. Ficamos pelo meio do caminho...

Para piorar, nossa insegurança justificou a construção de muros, nossos problemas crônicos de transporte pendular justificaram a construção de vias de tráfego pesado, e fomos, sem querer, criando um tecido urbano próprio, bem brasileiro; uma estranha colcha de retalhos de casas e galpões entremeados por torres altas, cada qual isolada no centro de seu lote por recuos obrigatórios. Ao pedestre, coitado, restou caminhar (quase sempre) entre um muro e uma via de tráfego pesado, talvez sonhando com uma ida à Europa, nas férias, apenas para ter o prazer de vagar pelas ruas da cidade.
 *Rodrigo Izecson de Carvalho é arquiteto e urbanista formado pela FAUUSP e pós-graduado em administração de empresas pela FGV. Trabalhou nos escritórios Brasil Arquitetura e Sidônio Porto Arquitetos, e nas incorporadoras Idea!Zarvos e Even. É sócio da Trópico Arquitetura, escritório focado no projeto de edifícios e loteamentos.

Fonte: imovelweb

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